terça-feira, 23 de outubro de 2012

O Machista Responde (4)

Mais um exclusivo Teoria Machista. Em vinte anos, é a primeira entrevista que o Doutor Machista concede a um órgão de informação. Esclareça as dúvidas e leia tudo aquilo que sempre quis saber sobre a vida do génio.
O momento que se segue é patrocinado por Lâminas Ferrugem, o elixir bucal do homem macho. Lâminas Ferrugem, para um hálito fresco e um sorriso másculo. [ Lâminas Ferrugem é um metal oxidado, produto de higiene oral não sujeito a receita médica.  Em caso de dúvidas ou persistência do mau hálito, informe-se junto do seu serralheiro.]
Doutor Machista, qual é a sua motivação para combater o feminismo e promover os valores machistas ?

Qual é a sua motivação para respirar? Aí tem a resposta.

O Doutor sempre foi machista ?

Fui concebido e nasci homem. Não está a colocar isso em causa, pois não?  ( olhar ameaçador)

Não, de maneira alguma. Queria apenas saber se nunca foi influenciado pelo feminismo.

( com ar mais tranquilo, guardando a soqueira no bolso) Bem, agora que fala nisso, lembro-me que uma vez uma tia ofereceu-me uma boneca barbie num aniversário. Era a maluquinha da família, tinha emigrado para França e veio de lá com ideias maradas sobre o direito dos miúdos a brincarem com bonecas. Enfim, uma infeliz e inútil que nunca casou, não sabia cozinhar e deixou como herdeiros uns quantos gatos. Mas, dizia eu, lembro-me muito bem dessa boneca. 

Quer dizer que na infância brincou com uma boneca ?

Em certo sentido, pode-se dizer que sim. Ainda que eu tenha "esfrangalhado" a boneca assim que a recebi ( para horror da minha tia que desmaiou em cima do bolo de aniversário) e tivesse guardado as partes separadas apenas para servirem de munição bélica ( as pernas e braços como mísseis de um helicóptero e a cabeça como bala de canhão), reconheço que esse episódio é uma pequena mancha no meu passado másculo.

Ainda guarda essa boneca?

Claro que não. A certa altura da minha infância fartei-me e  juntei com arames e fita-cola as partes que estavam separadas, para fazer um alvo.

A boneca foi destruída à bala?

Por acaso não. Só tive a minha primeira arma de fogo aos 9 anos. Esse episódio da boneca é muito anterior. Destruí à boneca à "padrada".

Quer dizer, à pedrada?

Não. À "padrada" mesmo. Repare que "padrada"  é uma expressão muito mais forte do a mera "pedrada". Eu nunca gostei de jogar à pedrada, sempre achei um jogo de meninas. Agora, "padrada", isso já era outra conversa.

Aproveitando o facto de mencionar o desporto-rei islâmico, um verdadeiro machista deve aprovar e praticar a violência física contra as mulheres?

Não. Um verdadeiro machista não precisa de bater numa mulher para a educar. As mulheres são mais fáceis de influenciar do que uma criança de 6 meses. Por acaso alguém precisa de bater nela para a corrigir ou ensinar? A resposta é não.

Quer dizer que o Doutor Machista não aprova as práticas do mundo muçulmano como exemplos de bom machismo?

Pois não. Um mundo onde as mulheres são tapadas dos pés à cabeça, é um mundo onde a beleza feminina está formalmente abolida. Não pode ser vista. Isto faz algum sentido? Quem pode ter medo da beleza feminina? Mas estamos a brincar? Só me ocorre dois tipos de pessoas: a feminista lésbica, feia e gorda ( peço desculpa pela redundância) e o larilas ressabiado que tem inveja das mulheres por não ter nascido uma.

Mas toda a gente diz que a sociedade islâmica é machista...

É politicamente correcto dizer isso, mas não é verdade. Um verdadeiro macho não pode tolerar esse tipo de leis. Uma sociedade que tapa as mulheres, mas autoriza os homens a andarem de mãos dadas na rua, é tudo menos uma sociedade machista. Para dizer o mínimo...

Mas voltemos à sua juventude, quem foram as suas referências machistas?

Olhe, a melhor memória e exemplo machista que recebi na vida foi ver a maneira como o meu avô Jeremias tratava a minha avó. Aquilo comovia as pedras da calçada.

Como assim, era um homem romântico?

Bastante. Para ter uma ideia, ele valorizava tanto o aniversário de casamento que todos os anos comprava um cabrito para o jantar. Ainda me lembro dele chegar a casa e gritar "Gracinda, aqui tens o bicho para matar, esfolar, desmanchar e cozinhar. Vê lá se despachas isto rápido que eu estou com fome." E depois abria uma cerveja e ia-se sentar em frente à televisão. À minha avó vinham-lhe as lágrimas aos olhos, por ter um marido assim. Aliás, todas as amigas dela a invejam. O meu avô era mesmo o maior.

E o seu pai?

O meu pai só foi o maior depois do meu avô morrer. É assim que somos. Gostamos de respeitar a hierarquia. 

Mas também teve bons exemplos do seu pai, certo?

Óbvio, não tivesse sido ele educado pelo meu avô.

Um momento de que se recorde?

Sei lá, foram tantos. Mas talvez dois chapadões que levei numas férias grandes.

Mereceu?

Sem dúvida. Tinha 5 anos e estava a aprender a andar de bicicleta. No meu tempo não havia essas mariquices das rodinhas extra. Subia para a bicicleta e o meu pai empurrava-me por uma ladeira abaixo. Se caísse, tinha de me levantar. Até aprender a andar, não saímos dali. Infelizmente, depois de uma das várias quedas estava com tantas dores que comecei a chorar. Levei logo uma bofetada. E quando chegámos lá acima e o meu pai mandou-me subir outra vez para a bicicleta, voltei a chorar. Levei a segunda. Remédio santo.

Um episódio bastante violento...

Nem por isso. Na altura a cara ardeu-me, mas ficou-me uma lição para a vida: um homem não chora. Violência encontrei eu depois quando fui à guerra. Pobre de mim se tivesse ido para lá sem ser educado para não chorar.

A sua experiência na guerra foi traumática?

Foi. Encontrei uma realidade para a qual não estava preparado. Na recruta tinham-me dito que íamos para um ambiente hostil, onde matar e morrer estariam ao virar de cada esquina. A verdade é que vivi lá  algumas experiências dessas, mas infelizmente foram muito poucas. Na maior parte do tempo jogávamos às cartas. Para quem ia com a ideia de guerrear intensamente e à séria, imagine o meu trauma...

Ainda não nos falou da sua mãe?

Nem vou falar. Já lhe referi uma tia e a minha avô. Já são mulheres a mais numa entrevista sobre assuntos machistas.( risos alarves)

Bem, prosseguindo, qual é o maior problema que o machismo enfrenta hoje?

Há vários, mas o pior talvez seja o desenvolvimento tecnológico dos electrodomésticos. Não me interprete mal, eu sou a favor da tecnologia. Só acho um exagero facilitar tanto à vida às mulheres, em tarefas que já são fáceis.

Se o feminismo defendesse realmente as mulheres, lutaria contra esses insultos à inteligência e capacidade feminina, como são as facas eléctricas, aspiradores ou máquinas de lavar roupa e louça. No fundo, um electrodoméstico desse tipo está  a dizer que as mulheres precisam de máquinas para fazer algo que um babuíno não teria dificuldades em aprender a fazer por si.

Mas esse é um problema para o machismo porquê?

As mulheres ficam com demasiado tempo livre. E todos sabemos que as mulheres só sabem matar tempo de três maneiras: a) engordar, b) dizer mal da vida dos outros, c) gastar dinheiro que foi ganho por outro. Além disso, quando falta a electricidade ( normalmente porque o dinheiro para pagar a conta da luz foi usado por quem nós sabemos para comprar bugigangas), elas já não sabem nem suportam fazer coisas tão leves como lavar roupa à mão. Ficam mal habituadas.

Tem amigas feministas?

Não tenho amigas. Ponto.

Porquê?

Homens como eu escasseiam nos dias de hoje. Inevitavelmente, todas as senhoras com quem estabeleço relações de amizade ficam fascinadas pelo meu machismo e apaixonam-se por mim. Por questões de tempo e de agenda, e também porque houve uma outra que me tentou matar quando recusei um relacionamento, percebi que é mais económico não ter amigas.

Já foi vítima de tentativa de homicídio?

É preciso ter cuidado com as palavras. Disse que já me tentaram matar, não que fui vítima de alguma coisa. Não admito associar o meu nome à palavra vítima. Vítimas são os outros. Incluindo os que me tentam matar. E mais não digo...

Um dos aspectos curiosos do Dr. Machista é, ao contrário de outras figuras públicas, não se saber quem é a sua esposa ou namorada. Isso é propositado?

É. O lugar da mulher é na cozinha, e não a dar entrevistas ou aparecer em revistas. Mais ainda se falamos da mulher de um intelectual que dedica a sua vida à ciência machista. Tenho de ser coerente com aquilo que prego. É uma questão de honra, não negoceio os meus valores.

A minha mulher haveria de ser publicamente conhecida por qual motivo ou mérito? Não faz sentido. Ela é, anonimamente e na pacatez do lar, a mulher do Dr. Machista. Isso basta-lhe e completa-a.

Foi muito difícil educá-la ?

Não existem mulheres difíceis de educar. Mesmo nos casos aparentemente mais complicados, o que podem existir é técnicas erradas. No meu caso, quando chegou a hora de escolher uma esposa decidi proteger, cuidar e sustentar uma mulher que teve uma educação normal.

Portanto, uma educação dada por um pai machista?

E há outro tipo de educação normal?

Mas também podia ter escolhido uma mulher criada por feministas...

Perfeitamente, e como digo não me seria difícil ensiná-la a comportar-se. Se não o fiz, foi por ser justo. Seria errado premiar um pai irresponsável. Um pai machista merece que a sua filha seja entregue a um homem machista, digno e responsável. Esta é a minha noção de justiça e equidade social.

Quanto ao feminismo, acha que algum um dia será derrotado?

A questão não é se um dia será, é quando será. Que as mulheres terão de voltar massivamente à cozinha e ao cuidar dos filhos, é uma necessidade ontológica e uma questão de tempo.

Quando diz coisas como essa, não teme ser processado por sexismo?

Está a perguntar ao Dr. Machista se ele teme algo? Ouvi bem? ( sorriso irónico e confiante)

Muito bem, para finalizar, e como falamos de um especialista também em pedagogia, para a juventude que nos ouve e tem dúvidas na área da sexualidade, tem alguma regra ou conselho básico a expor?

Tenho: discutir questões dessas em público é coisa de maricas.

Dr. Machista, agradeço-lhe a sua cordialidade e tudo o que tem feito pelo país.

Mais não faz do que o seu dever. Sei que mereço gratidão pela obra que produzi.




sábado, 13 de outubro de 2012

Tipos de violência doméstica

Como é que as feministas definem a violência doméstica?

Uma popular página feminista prestou um serviço publico ao definir "concretamente" o que constitui um acto de violência doméstica.

Formas de violência doméstica e familiar contra a mulher:

I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;

Isto não é violência doméstica contra a mulher, mas contra qualquer pessoa (especialmente contra as crianças, que são maioritariamente vitimas de violência doméstica por parte das mulheres).
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima

Diminuição da auto-estima da mulher é um acto de "violência doméstica"? Isso também se aplica aos homens e às crianças?
ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações,

Portanto, se uma mulher se atrasar e o seu esposo entrar em contacto com ela via telemóvel, ela pode considerar isto um acto de "violência doméstica" visto estar a tentar "controlar as suas acções".
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;

III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;

Se um homem impedir a mulher de matar o filho de ambos, isso é violência doméstica . .  .contra a mulher.
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;

Invertendo os sexos, podemos dizer que a pensão alimentícia é uma forma dde violência doméstica contra os homens uma vez que ele é FORÇADO pelo governo a subsidiar a mulher.
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.


Em nome da igualdade, o reverso também se aplica: tudo aquilo que a mulher faça ao marido ou às crianças que seja calunioso, difamatório e injurioso, constitui um acto de violência  doméstica.

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Esta lista é bastante informativa, mas, infelizmente, incompleta. Eis aqui mais casos de violência doméstica não listadas pela página feminista:

VI - violência doméstica desportiva, entendida como qualquer conduta que configure algum tipo de ultraje à mulher mediante manifestação de superior capacidade física do homem.

VII - violência doméstica intelectual, entendida com qualquer conduta que leve o homem vença a mulher em algum tipo de jogo de mesa ou jogo informático (Xadrez ou PacMan)

VIII - violência doméstica musical, entendida como qualquer conduta onde o homem pede à sua esposa que pare de cantar por esta estar a desafinar uma música do seu (do marido) agrado.

IX - violência doméstica culinária, entendida como o tipo de acção levada a cabo pelo marido quando este critíca algo que a esposa cozinhou.

X - violência doméstica rodoviária, entendida como a crítica que o homem faz às habilidades (ou falta delas) da mulher quando esta se encontra ao volante dum carro.

XI - violência doméstica sexual, entendida como o acto de rejeitar os avanços sexuais da sua esposa.

XII - violência doméstica estética, entendida como a resposta negativa à pergunta feita pela mulher "Fico bem assim?".

XIII - violência doméstica calórica, entendida como resultante da pergunta feita pelo marido "Ganhaste peso?"